Poesia Evangélica |
Dois poemas de Ezequias Dias de Oliveira Posted: 30 Aug 2020 01:30 AM PDT MONTE MORIÁ 1 Abraão pela manhã de madrugada, Albarda seu jumento, Toma seus moços e seu filho Isaque amado; Fende lenha para o sacrifício, e caminha pela estrada, Caminha em direção ao monte Moriá, No coração o sentimento que igual não há; Talvez a razão no coração calado por momento, Mas, com a fé de um homem determinado, Confiava que Deus iria deparar o cordeiro; Guardou de Isaque o segredo sobre o cordeiro. 2 Ao terceiro dia da caminhada, Levantou Abraão os olhos, e viu o monte Moriá de longe. O silêncio do coração acorda ao olhar o monte; Deixou seus moços com o jumento, e foi com Isaque mais adiante; E disse Abraão: "...,e havendo adorado, voltaremos". Ia com a certeza da provisão pela estrada, Na alma o amor fervilhante! Pôs a lenha sobre os ombros de Isaque, tomou o fogo e o cutelo na mão, E juntos caminharam para a adoração. No coração os sentimentos que muitos de nós remoemos. 3 No coração de Isaque a pergunta soava: A lenha e o fogo estão aqui, e o cordeiro?! Pelo caminho de Moriá o silêncio que na alma bradava, Parece que ninguém perguntava nada, Só o tropel dos pés pela estrada. O coração de Isaque e dos moços: apreensivo; O coração de Abraão inexpressivo, Mas, um coração fiel e verdadeiro. E a pergunta bradava: a lenha e fogo estão aqui, e o cordeiro?! E Abraão guardava o segredo com o coração calado. 4 De repente Isaque acorda as palavras no coração: Meu pai! Abraão diz – eis me aqui. Talvez, com olhar de carinho, E sem palavras de explicação. Eis aqui o fogo e a lenha, onde está o cordeiro para o holocausto? Deus proverá para si a vítima para o sacrifício. Iam juntos caminhando pelo caminho; Isaque porventura exausto, Mas, juntos no dever do ofício; Seguem para o lugar da adoração, E Abraão com a fé na provisão. 5 Chegaram ao lugar onde Deus determinara, E Abraão determinado edifica um altar, Coloca em ordem a lenha, e amarra Isaque seu filho amado; Deita-o sobre o altar em cima da lenha. Abraão estende a mão, E pega o cutelo para imolar seu filho. E eis que o anjo do Senhor do céu grita: Abraão, Abraão! E ele responde: Aqui estou. E diz o anjo: Não estendas a tua mão sobre o moço, E não lhe faças nada; agora sei que temes a Deus, e não negaste teu filho. 6 Agora, Abraão depois do brado, Levanta os olhos e eis detrás de si um carneiro, Travado pelas pontas num mato; Ele toma o carneiro e oferece em sacrifício a Deus no lugar de seu filho. Na alma de Abraão bradava a providência do cordeiro; Aperto na alma, mas destemido em atender de Deus, o ultimato. Abraão dissera aos seus moços antes: ..."e havendo adorado voltaremos". O provimento de Deus celebrado, Da alma de todos irradia o brilho, Com a fé Abraão chega aos extremos. 7 Pelo caminho agora os corações em celebração, Quebra o silêncio da alma, e explode a alegria. Monte Moriá, o Senhor providencia. Pela trilha de Moriá agora ágeis tropéis dos pés, A alma fervilhando a adoração, Rendendo a Deus os lauréis. O carneiro amarrado entre os espinhos apareceu, Abraão largou do cutelo e ao anjo obedeceu; O coração recompensado, E Isaque seu filho amado do seu lado. FORASTEIRO DO CÉU nº 102 1 Propriedade das mansões celestiais perdida, Forasteiro pela terra numa árdua jornada; Pelos solos pedregosos que esfoliam pés cansados, De cidade em cidade falando da minha naturalidade; Regaço do sofrer, eu não tenho, Escondo-me em tenda nos desertos da tempestade, Pela graça divina minh'alma erguida. Os espinhos da terra deixam a alma machucada, Subo os montes e a visão do céu me deixa os sentimentos elevados, Na alma a seiva da vida que escorreu do lenho. 2 No meu alforje pedras preciosas da graça; Daquilo que não edifica a alma, e que passa, Procuro desvencilhar o coração, Não atenho pra meus olhos não sentirem a escuridão, Não revelo os segredos dos sacrifícios pelas montanhas, Guardo a convicção da herança nas minhas entranhas; Na consciência do meu espírito identifico as riquezas divinas, Ardem no peito os segredos revelados que sinto a beira-mar. Ruas de ouro, pedras preciosas os meus olhos avistar! Destila minh'alma as visões dessas riquezas finas. 3 Fundada nas promessas do céu minh'alma verte a esperança, Forro o chão da terra com tecidos que a vida me oferece, E descanso pensando o que o coração tece; A alma se cala para o íntimo refrigerar, Os olhos avistam o céu, As cortinas abertas mostram a glória a destilar sem véu, Pulsantes ondas no coração dessa herança; Olho os lírios nos campos com vestes a encantar, Gritante glória no peito, Neste sonho sublime eu deleito. 4 Caminho no silêncio da madrugada, E nos momentos nesta terra aplico os preceitos do céu. Ancoro-me no porto divino da redenção, Do farol que me guia na estrada, Deixo os raios penetrarem no coração, E tirar das nuvens o negro véu, Que porventura deixar nos olhos a turva visão. No amanhecer do dia, Meu coração novamente pulsar pela estrada que me guia, E ainda a alma estrelada. 5 Quando olho a terra vejo a escuridão, Na minh'alma os céus em ação; Percorro entre os montes e colinas, Cordilheiras e campinas, E vou trilhando a terra com as pedras preciosas no coração; Paro a beira do lago pra alma refrescar, Ver a imagem dos meus sentimentos como está; Procuro levar somente as grandezas celestes pra alma brilhar, E sentir a glória que verá; Quando a noite chega durmo pra sonhar. 6 Por trás das montanhas o Sol despeja os raios marcantes, Vou vertendo gotas de esperança para chegar, Chegar à mansão eterna a me esperar. Forasteiro pelas vias da terra, Não leva armas de guerra, Só a esperança e a paz pelos vilarejos, Onde ficam as marcas penetrantes; A floresta alivia sua alma com seus gracejos, Dos espinhos que furam o peito, Sente-se dos céus um eleito. |
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