Poesia Evangélica |
Deus Mendigo -Teografias: Livro de Luis Cruz-Villalobos para download Posted: 10 Oct 2017 03:20 PM PDT O poeta e pastor presbiteriano chileno Luis Cruz-Villalobos publicou, recentemente, a edição em português de seu livro Deus Mendigo - Teografias, cuja tradução ficou a cargo de Flavia Romera e Jorge Barro. A edição é mais uma iniciativa da Hebel Ediciones, uma casa plural e sem fins lucrativos que tem disponibilizado excelente poesia latino-americana na rede, já de há algum tempo. A poesia de Luis é uma poesia de liberdades e metáforas; ao fotografar, ao teografar a divindade vestida de pó, ao fazer Deus descer ao nível de cada um de nós, e mesmo dos menores, piores dentre os homens, o autor traz à tona e celebra o Deus em nós, que criados fomos à sua imagem e semelhança. Sua poesia e suas licenças, ainda que poéticas, podem não agradar a todos, e cremos mesmo que assim será; mas como editores não poderíamos nos furtar de divulgar tal obra singular e repleta de humanidade. Para baixar pelo site Google Drive, CLIQUE AQUI. Para baixar pelo site Scribd, CLIQUE AQUI. O DEUS-PARDAL Se Deus existisse Nada mudaria Dizia Sartre Desde a sua estrábica perspetiva Mas está claro Que o deus platónico Ou o aristotélico Ou o não-deus do príncipe Gautama Ou o Logos estoico Ou o de Spinoza Enfim Nada poderiam mudar Tal como o deus deísta Relojoeiro louco Palrador distante Impotente por definição Apático por suprema excelência Esse Deus Nada Zero à esquerda Definitivamente Sartre estava certo Nula ajuda Um Deus frio e calculista Impávido Nada Mas não poderão negar jamais Que o Deus-pardal O Deus empobrecido O Deus apaixonado pela sua obra de arte O Deus louco de amor O Deus mártir Este e só este Deus Muda tudo Tudo deixa em desconstrução Como os átomos dançarinos. ÓRFÃO E VIÚVA A Ernesto Cardenal, por exemplo Contam que Deus O mesmo que fez dançar O primeiro átomo de hidrogénio E que sabe o número de todos os sistemas de galáxias Costuma visitar os órfãos E as viúvas Pela noite Sussurra-lhes uma canção Ao ouvido Beija-lhes a testa E parte triste Desejando fazer-se carne Fazer-se pai/mãe palpável Fazer-se esposo/esposa visível Mas já não pode É outro o projeto Por ele Parte veloz Como vento espectral A sussurrar a mesma toada Ao ouvido daqueles que lhe têm Um amor extremado Indiscriminado Profundo E que estão e estiveram dispostos A ser os pais/mães/esposos/esposas Dos desolados da terra. |
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