Poesia Evangélica |
Dois poemas de Lindolfo Weingärtner Posted: 23 Nov 2015 12:47 PM PST O bom samaritano (Lc 10.25-37) Certo dia, um douto escriba de Jesus se aproximou; querendo pô-lo à prova, de chofre lhe perguntou: "Para herdar a vida eterna, ó mestre, o que devo fazer?" respondeu Jesus: "Dize-me antes o que na lei podes ler!" Retrucou-lhe logo o escriba: "Amarás teu Deus e Senhor com todas as tuas forças e com todo o teu fervor. Amá-lo-ás de toda a tua alma e de todo o teu coração, e amarás da mesma maneira o próximo, que é teu irmão". Jesus disse: "Bem respondeste; faze isto e hás de viver". Mas desconversando, ele disse: "Quem virá meu próximo a ser?" Disse o Mestre: "Um homem descia de Jerusalém a Jericó. caiu nas mãos dos bandidos, que o golpearam sem dó. Tiraram-lhe tudo o que tinha e, deixando-o prostrado, a sangrar, fugiram com sua presa, sem com ele se importar. Por acaso, um sacerdote passou pelo ermo lugar; viu o homem ferido e, de medo, seus passos tratou de apressar. Do mesmo modo, um levita, ao ver a vítima infeliz, igualmente passou de largo, e prestar-lhe ajuda não quis. Um samaritano, no entanto, ao ver o ferido no chão, chegou-se ao infortunado, tomado de compaixão. Ajoelhando ao lado dele, as feridas do homem cuidou, e, após limpá-las com vinho, com óleo de oliva as tratou. A seguir, sobre o seu jumento aquele infeliz colocou e, levando-o a um albergue, com carinho dele cuidou. Depois deixou uma soma para o hospedeiro gastar, dizendo-lhe: cuida do homem, que na volta vou tudo ajustar. E Jesus perguntou ao escriba: "Qual dos três, a teu ver, agiu como próximo daquele homem que nas mãos dos bandidos caiu?" Respondeu o escriba: "Por certo, o que dele se compadeceu". E disse Jesus: "Vai tu mesmo e segue o exemplo seu!" A parábola do pai misericordioso (ou do filho perdido: Lc 15.11-32) Na mesma ocasião Jesus disse: "Havia em certo país um pai que tinha dois filhos, que levavam vida feliz. Um belo dia, o mais novo de súbito disse ao pai: Pai, dá-me a parte da herança que para meu lado cai! O pai cumpriu-lhe o desejo. Partiu a herança em dois, e o filho mais novo mandou-se, não muito tempo depois. Juntando tudo o que tinha, foi para distante lugar, passando a viver à toa, e a sua fortuna a gastar. Depois de ter gasto o que tinha, uma fome assolou a região, e o rapaz, sentindo o aperto, se pôs à procura de pão. Por fim, tentou encostar-se num cidadão do lugar, e este o mandou ao campo seu rebanho de porcos guardar. Desejava encher a barriga com as bagas e a imunda ração que os próprios porcos comiam, competindo com estes em vão. Aí caiu em si mesmo e falou a seu coração: No lar de meu pai, quanta gente tem abundância de pão! Mas eu, aqui, morro de fome! Eu sei o que vou fazer: Vou me embora daqui, vou direto a meu pai e vou lhe dizer: Meu pai, eu volto sem nada, pequei contra ti e contra Deus. Não mereço mais ser teu filho. Conta-me entre os servos teus! Partiu no mesmo instante e foi o pai procurar. O pai, ao vê-lo de longe, não aguentou esperar. Correu ao encontro do filho, abraçou-o e o beijou, e o filho criou coragem e confiante ao pai falou: Meu pai, eu volto sem nada; pequei contra ti e contra Deus. Não mereço mais ser teu filho... Mas o pai disse aos servos seus: Depressa, trazei-lhe uma roupa, a melhor que podeis achar! Botai-lhe um anel no dedo, fazei-o sandálias calçar! Trazei o novilho cevado, matai-o e preparai o assado para o banquete, de comida e bebida cuidai! E começou a festança. O filho mais velho, porém, trabalhara fora, no campo, e não o avisara ninguém. Chegando perto da casa, som de música e dança ouviu. Aí chamou um criado, e o motivo da festa inquiriu. Tocado pela alegria, o homem lhe respondeu: Teu irmão voltou para casa, e teu pai, feliz, o acolheu. Fez matar o novilho cevado, e depois ele mesmo mandou todo mundo cair na festa, já que salvo seu filho voltou. Aí o filho mais velho ficou zangado a valer. Negou-se a entrar na casa e a seu irmão receber. O pai, vendo o que se passava, saiu, e o filho implorou, mas este, cego de raiva, ao solícito pai retrucou: Há tantos anos te sirvo e jamais desobedeci uma única ordem tua; obediente, tudo cumpri. E em todo este longo tempo tu nunca chegaste a me dar nem um modesto cabrito para eu com a turma farrear! Agora, ao voltar teu filho, que com prostitutas gastouteus bens, pelo mundo afora, o pai o novilho carneou! Mas o pai respondeu: Meu filho, tu vives comigo, e o que é meu, já que és herdeiro de tudo, por direito também é teu. Mas como não sermos alegres e como não festejar, quando teu irmão, meu filho, voltou, enfim, ao seu lar? Em verdade, ele estava morto e agora a viver voltou. Estava de todo perdido e, ao voltar, se reencontrou. Do livro O Evangelho Segundo Lucas (Em Versos) - Ed. Sinodal, 2002. |
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