Poesia Evangélica |
Três poemas de Ronilso Pacheco Posted: 27 Aug 2015 03:00 AM PDT O BAQUE, OS FUZIS E OS SONHOS Rumos de um mundo perdido De onde nossos sonhos acuados, se vão Soprados pelo vento, violento, com sua força descomunal Empurrando para o longínquo, nossas esperanças E o nosso moderno mundo caminha nas trevas Desesperado, atordoado, desnorteado, cheio de riscos Em busca de alguma luz, qualquer luz, que faça-nos iluminar Enquanto olhamos distraídos para o nada Haja luz! Haja luz! Sem guerra, sem pressa, sem ansiedade de não morrer Sem ira, sem fúria, sem dor ou temor Sem qualquer fuga que nos impeça de viver E é preciso viver, para experimentar a vida com Deus E é preciso Deus, para experimentar a vida Haja luz! Haja luz! Sem erro, sem peso, sem frustrações por não voar Sem fardo, sem culpa, sem indiferença ou descrença Sem a covardia que adia, a capacidade de sonhar E é preciso sonhar, para alcançar Deus E é preciso Deus, para alcançar os sonhos O nosso desespero nos afronta Enquanto nós seguimos, seguindo, adiante, esta tensa estrada Que diga-se de passagem, não nos une, antes, muito mais afasta Nos distanciando da possibilidade de sermos irmãos e irmãs E de termos uma só caminhada rumo à eternidade E zomba-se da eternidade como se ela fosse eternamente inalcançável Como se o finito das quatro paredes do mundo Fosse de fato a nossa morada em castelo ou masmorra De onde nem mesmo a mais astuta alegria poderia escapar Olhemos para o alto! Vejamos o ar! Com força, com zelo, com disposição para caminhar Com fé, com certeza, com humildade e convicção Com a ousadia que cria, a capacidade de se libertar Porque é preciso a liberdade, para se expressar Deus E é preciso Deus, para experimentar a liberdade A POESIA E A PEDRA A pedra mói o tempo, o tempo esmaga a rocha não obstante, se a rocha é sonho, o sonho não desmancha o sonho dilui, e se mantém A marreta violenta a ideia a ideia perfura a terra, no entanto, se a terra é riso, o riso não se fere, o riso interdita, e retorna A espada retalha o vento, o vento despedaça a ponte, mas, se a ponte é discernimento, o discernimento não despedaça, o discernimento rompe, e ergue A areia encobre o vazio, o vazio usurpa o abrigo, no entretanto, se o abrigo é palavra, a palavra nunca é usurpada a palavra subverte, e vence O murro derruba o silêncio, o silêncio enterra o rio, mas talvez o rio seja poesia, a poesia não é enterrada, a poesia se mantém, e retorna, e ergue, e vence CONTRATERRORISMO GLOBAL Nosso perigo iminente jamais se afastara de nosso instante, de todo lugar, de maneira inclemente, a surpresa é um espanto que nos tange. Invisível, o inimigo confunde nossa mente, e desconfiar que ele é o outro, nos constrange. Percorremos o pavor que corta o Ocidente, capitulamos ao terror, que corta o nosso sangue. O inimigo, não fala a nossa língua. Será que ele tem a nossa cor? Liberdade e democracia, ainda são temas prementes, mas é a supressão disso que hoje nos confrange, pois lá fora, a tensão abafa gritos estridentes que irrompem de nosso interior em transe. Acho que o inimigo tem o rosto de todas as gentes, e é isso que nossos defensores não abrangem, pois o terror – e o que o evita – tem a solidariedade ausente, e este peso vem sobre nós, acachapante. O inimigo, não fala a nossa língua. Será que ele tem a nossa cor? Quantas guantânamos abrigarão nossa gente, enquanto caos e medo nos deixam estanques? E quanta hostilidade em nosso temor subserviente, enquanto nossas estimativas continuam frustrantes. Acontece que não há inimigo evidente. Então, quem será que, no escuro, os dentes range? Nossas perguntas [e dúvidas] são estilhaços percucientes, que cortam, ferem, o mais absorto infante. Ao inimigo invisível, armas insuficientes, ao inimigo visível, o fardo insurgente, ao medo público, a desconfiança envolvente, ao medo privado, a desconfiança, sempre. Neste corolário está ter medo, ser hostil, e ser prudente, mas prometem: a derrocada do inimigo vem galopante, se ao autoritarismo, formos condescendentes, antes que este inimigo cresça, e torne-se pujante. Mas inimigo, não fala a nossa língua. Será que ele tem a nossa cor? As ideias de Ronilso você encontra no blog http://ronilso.blogspot.com.br/ |
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